Para um Cirurgião-Dentista, não é difícil identificar um Respirador Bucal, especialmente na infância. Basta uma observação simples para notar a boca constantemente entreaberta, para garantir o fluxo respiratório.
Além da boca entreaberta, existem outros fatores físicos que denunciam um respirador oral, como a posição da cabeça, os ombros recaídos, cifose e lordose, com abdômen flácido, hiperextensão dos joelhos, pés planos e, em muitos casos, face bastante alongada e estreita, olhos caídos e até mesmo olheiras profundas.
No entanto, não basta apenas diagnosticar a respiração bucal. É necessário, também, saber como fazer o tratamento para respiradores orais. Afinal, se não for abordado, o ato de respirar pela boca pode ter consequências sérias na saúde e na eficácia de outros tratamentos odontológicos e ortodônticos. É, portanto, uma responsabilidade do Cirurgião-Dentista e do Ortodontista ajudar o paciente a superar esse problema.
Quer aprender mais sobre a respiração bucal e como tratá-la? Então siga a leitura!
Qual a origem da respiração bucal?
A respiração bucal é uma condição patológica muito comum, que pode evoluir para a Síndrome do Respirador Bucal e ter consequências muito sérias para a saúde da pessoa. Normalmente, podemos respirar pela boca de forma momentânea por causa da obstrução das vias aéreas superiores, mas de forma mais constante pela flacidez dos músculos faciais ou por hábito.
No primeiro caso, a respiração bucal não chega a oferecer riscos. Afinal, uma obstrução simples das vias aéreas superiores pode ser facilmente tratada e a respiração nasal ser prontamente restabelecida após essa abordagem. No entanto, é quando a respiração pela via oral se torna a norma (e não a exceção) que começamos a ter problemas sérios.
É muito comum que a respiração bucal constante, causada pelos músculos faciais flácidos ou por hábito, comece na infância. Inclusive, não é raro casos em que um recém-nascido começa a respirar pela boca após o parto via cesárea (já que a remoção de líquidos das vias respiratórias feita com um cateter deixa micro fissuras nas vias aéreas superiores, que ardem sempre que o bebê respira pelo nariz).
O início precoce da respiração bucal o respirador bucal cria as condições para que essa situação se perpetue. Isso porque respirar pela boca, bem como outros maus hábitos miofuncionais, estimulam a flacidez dos músculos orofaciais. Esse contexto facilita a adoção do hábito de respirar pela boca.
Aliás, o efeito da respiração na musculatura facial é um dos principais causadores de Maloclusões, especialmente as de classe II. Um estudo publicado na BMC Oral Health mostrou que a prevalência de mordida cruzada é mais comum em respiradores bucais do que em respiradores nasais.
Quais as consequências de ser um respirador bucal?
É responsabilidade da família e do Cirurgião-Dentista atuar no tratamento do respirador bucal porque respirar por vias orais pode ter consequências muito sérias no futuro. Inclusive, consequências que podem moldar a vida daquela criança.
As mudanças mais perceptíveis são aquelas que afetam o corpo do respirador oral. Para se adaptar a respirar pela boca, o organismo precisa de adaptações posturais e biomecânicas.
Para melhorar o fluxo de ar na respiração, a posição da cabeça e da língua do respirador oral muda. Para acomodar a nova posição, todo o corpo se adapta (afinal, os músculos trabalham sinergicamente e são organizados em cadeiras). Logo, a mudança na posição da cabeça altera o centro de gravidade no corpo e muda toda a mecânica e postura corporal (os ombros ficam mais encurvados e anteriorizados, há aumento da lordose lombar, o abdome fica protruso). Essas mudanças vão até os joelhos, que se tornam hiper extensos, e os pés, que apresentam diminuição do arco plantar. O modo de andar também é alterado para melhorar o equilíbrio dessa nova postura.
Além das mudanças posturais, o respirador bucal também apresenta maiores chances de desenvolvimento de Distúrbios Respiratórios do Sono. Ele ter mais episódios de Ronco, ter Apneia do Sono, maiores chances de ter Bruxismo.
Outro distúrbio do sono (só que não respiratório) que crianças respiradoras orais podem ter é a Enurese Noturna. Quando não respiramos pela boca, o corpo não consegue produzir toda a quantidade de Óxido Nítrico que precisa (ela é produzida majoritariamente no epitélio nasal). Essa substância realiza 2.000 funções dentro do organismo, sendo uma delas a ampliação da quantidade de oxigênio no sangue.
O baixo nível de oxigênio no sangue causado pela ausência de Óxido Nítrico faz com que o cérebro não consiga executar adequadamente suas funções. Isso inclui, claro, o controle involuntário da musculatura urinária durante o sono.
Aliás, a redução dos níveis de oxigênio no corpo causam problemas próprios para o respirador bucal. Essas questões vão desde o déficit de aprendizagem, falta de concentração, agitação, ansiedade, medo, impaciência, depressão, desconfiança, cansaço constante, sonolência durante o dia e muito mais.
Para completar, o respirador oral ainda tem mais chances de sofrer infecções. Isso acontece porque o ar que entra pela boca não é filtrado, aquecido e umidificado, como acontece na respiração nasal. Isso significa que agentes agressores entram mais facilmente no corpo. Por consequência, quem respira pela boca tem mais rinite, sinusite, bronquite, pneumonias, amigdalites e um estado inflamatório sistêmico mais acentuado.
Como conduzir um tratamento para respiradores orais?
Como ficou claro no item anterior, respirar pela boca é um hábito que causa muitos problemas na vida de uma pessoa. Quanto mais jovem for o respirador oral, mais as consequências desse hábito serão sentidas.
É por isso que é grande a responsabilidade de um Cirurgião-Dentista, Ortodontista ou profissional de Saúde Bucal. Afinal, é esse profissional que está na posição de identificar, diagnosticar e iniciar o tratamento do respirador bucal.
Mas como conduzir um tratamento para respiradores orais? Quais são as ações que podem ajudar nisso?
A resposta está na Odontologia Miofuncional. Essa filosofia de tratamento tem como objetivo estimular o adequado desenvolvimento orofacial dos pacientes e a reeducação de maus hábitos miofuncionais, sendo a respiração bucal o principal deles.
Atualmente, a melhor ferramenta da Odontologia Miofuncional para tratar respiradores bucais é o Sistema Myobrace®. Composto pelo uso de aparelhos específicos e a realização de exercícios miofuncionais diários, o Sistema Myobrace® ajuda os pacientes a abandonarem o hábito de respirar pela boca, a fortalecer a musculatura facial para não voltar a respirar errado e a ganhar mais saúde e qualidade de vida.
Assim, é possível não só resolver problemas específicos do paciente (como a Apneia Respiratória ou Maloclusões), como também prevenir outros de acontecer. Além disso, o Sistema Myobrace® é compatível com outros tratamentos, seja um alinhador dentário, seja um aparelho anti ronco, por exemplo.
Se você quer ajudar seus pacientes e aprender como conduzir um tratamento para respiradores orais de maneira eficaz, precisa dominar a Odontologia Miofuncional e o Sistema Myobrace®.
Assim, não perca tempo: torne-se um especialista Myobrace® e comece a mudar a vida dos seus pacientes a partir de agora!